quinta-feira, fevereiro 5

"Cavaleirismos"

Homens hodiernos, o que deles dizer? Poucos sabem ser ternos no trato, vide a pressa dos dias, as concorrências, a testosterona posta em prova aos outros machos. Olvidam que a boa educação atrai sensibilidades, ecumeniza mundos os mais diversos no pensar. A chucreza da cultura influi, decerto. É na proximidade daquele que não abre portas que se faz costumaz o bater brusco das fechaduras nos rostos. É perto do que não puxa cadeiras que o tolo perde a maneira de agradar a dama. Pode estar junto ao cego perdido na rua, mas nem se esforça para ajudar. Atravessa por cima de todos, desrespeita os sinais do trânsito, joga-se de ombros no corre-corre egoísta, derruba a senhora que se põe a chorar. É também o namorado que não acompanha a amada até sua casa, não paga uma conta de jantar, pelo mal costume de esperar o melhor só para si e de só renunciar. É aquele que não acalenta o triste, embora quando rompa em chistes não admita que alguém não o possa confortar. É o autoritário que quer tudo do seu jeito, ordena o filho, a mulher, o aluno, tal nos tempos de Mein Kampf. "Não ponha mais este perfume!" "Não use esta roupa!" "Cale sua boca enquanto eu estiver a falar!" E no cotidiano mordaz, entre um estrondoso som de carro com canções apelativas e um rebolar de criança adulterada a cheirar droga, põe-se o mal-casado a trepar feito cavalo com qualquer puta virótica. Contamina o lar. Futeboliza na TV, aliena-se afundado no sofá com umas geladas, sua porcamente e grita sem parar, não dialoga, é a personificação da barbárie. Sem agradecer, desagrada. Sem reconhecer, desconhece o espelho. Embrutece num mutismo sem fim, silencia porque consente o vício, a linguagem se retrai ao final dentro da própria vaidade. Depois quando perde quem ou o que tinha, põe-se a esmurrar paredes, dando coices.

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