terça-feira, fevereiro 15

Seal, a saga (resumo da tarde de hoje)

Depois do almoço, aprontei-me com um leve agasalho e abri o guarda-chuva, a fim de esperar qualquer ônibus que pudesse ir em direção ao Siará Hall, nesta tarde nebulosa de véspera do meu aniversário.

Em razão dos transtornos causados por obras, além dos buracos cavados pelas grossas gotas no asfalto, segui pelo rumo errado, tomando uma condução também por engano. Passei algumas horas volteando parte da cidade. O que me tranquilizou foi uma revista que carregava na bolsa. Li dois artigos sobre literatura inteiros e uma entrevista com um cantor de rock. Quando a vista já oscilava com o tremor dos pneus a desviar de mais alguns defeitos nas ruas, eu mirava respingos em poças, desenhando algum poema contido dentro de uma pegada moldada a pisadas em cimento fresco. 

Quando introspectiva e cercada por outras caras de tédio, dentre os passageiros, encontrei uma colega na topic. Que grata surpresa! Os minutos aceleraram um tanto mais entre conversas, e então ela me indicou onde exatamente descer. Despedi-me satisfeita, aguardando o trânsito passar pesado na avenida. Atravessei correndo. Ao chegar ao bendito centro de eventos, já puxei a carteira de estudante e o dinheiro correspondente às duas meias entradas. O bilheteiro me pediu outro documento, pois dois ingressos exigiam  igualmente duas identificações as quais eu não tinha. Tentei explicar a situação, jogando meu charme choroso ao dizer que era muito fã do cantor Seal e vinha de longe só para resolver isso ali.  Pedi encarecida e insistente, mas não pude convencer a bilheteria de fugir das ordens da casa.

Tentei o telefone. Liguei para meu namorado, a quem pertencia um dos ingressos, mas o celular estava fora de área. Pensei remotamente que ele pudesse trazer sua carteirinha quando saísse do trabalho, porém nada feito. Telefonei para um amigo, que deduzi morar ali perto, porém ele havia se mudado e ficaria muito contra-mão ir ao meu encontro cumprir este favor. Choraminguei, quase convencida a voltar para casa. 

Acontece que me deu um insight ao ver um carro parar em frente ao Siará Hall. Corri e bati no vidro, contei a história e, no final, a mulher em susto disse não possuir a identidade estudantil. Não desisti, parei um casal na calçada, também com dificuldades para ajudar. Fui até a parada de ônibus mais próxima, toda cabisbaixa, e avistei uma mocinha com cara de estudante. Minha intuição cutucou a boca de ir à Roma, fui simpática e sucinta, até que finalmente consegui fazer com que uma alma amiga de nome Tâmara me emprestasse seu documento. Efetuei a compra com sucesso!!! Para expressar minha profunda gratidão, ofereci uma importância em dinheiro à menina, que não aceitou porque, segundo ela, o gesto foi de coração e não movido por interesse. Começamos a papear tão positivamente, que a sincronia do momento nos levou a descobrir um amigo em comum e que somos praticamente vizinhas de bairro.

Após uma tarde chuvosa repleta de aperreios, eis que os ingressos para o show do Seal Henry Olusegun Olumide Adeola Samuel foram comprados.


SEAL - Músico, cantor e compositor britânico, filho de nigerianos e neto de brasileiro. Entre seus maiores sucessos está a canção Kiss from a Rose, trilha sonora do filme Batman Forever, pela qual recebeu três prêmios Grammy em 1995. Crazy também é um Hit, recentemente revisitado por Alanis Morrssette  em versão. Embora sempre tenha havido especulações sobre a causa das cicatrizes no seu rosto, elas não são o resultado de nenhum tipo de rito tribal de escarificação. O cantor sofre de lúpus eritematoso discóide (DLE).

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