
A mao que escreve e' a mesma que afaga e apedreja. Tomo goles inexoraveis de cerveja todo sabadorescer. Amanheço esquecida, alegre, volto ao trabalho mais centrada enquanto tento prever teu desespero mudo. Deves continuar preso a um computador, o mesmo que nos induziu ao contato, disputando entrelinhas, platonizando donzelas perfeitas em teu onanismo solitario e constante. Acasalar-se consigo mesmo e' por hora mais seguro. Prosseguir alheio e' doentio. Continuo a te julgar, minha corte necessita recortar tua falsa cortesia. Tenho ainda tanto a dizer como quanto tu nao dizes. Nem importo que seja em vao, ao menos serve de catarse literaria essa sublimacao da vontade explicita de te beijar e de te escarrar a boca como bem faz o poema vivo de um Augusto em meio aos anjos:
Ves ! Ninguem assistiu ao formidavel
Enterro de tua ultima quimera.
Somente a Ingratidao - esta pantera -
Foi tua companheira inseparavel!
Acostuma-te a lama que te espera !
O Homem, que, nesta terra miseravel,
Mora entre feras, sente inevitavel
Necessidade de tambem ser feraToma um fosforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, e a vespera do escarro
A mao que afaga e' a mesma que apedrejaSe a alguem causa ainda pena a tua chaga,
Apedreja essa mao vil que te afaga
Escarra nessa boca que te beija.
Augusto dos Anjos
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