Acho um absurdo sonoro quem abre a boca desfaimada para dizer que não sabe o que quer da vida já beirando a idade adulta. Não digo que deva carregar uma resposta pronta sobre o que se é ou se pretende, até porque o desenrolar do tempo pode em muito nos surpreender. As opções geralmente surgem em forma de oportunidades àqueles que bem sabem enxergar ao menos um tênue fiapo de luz ao longo do caminho. Mas o que de fato me pasma é o ser humano destituído de objetivos. Desfocado, sufoca-se. Fraco, não consegue conduzir as rédeas do cavalo selvagem denominado com feminil destreza de "existência", deixando-se levar por cães-guia da cega sociedade. Daí cabe ao destino fatal dar-lhe as coordenadas. O pobre-diablo se faz de vítima, fia-se às correntes, espera, espera e se exaure. Acaba por cair na cova aquele que aguarda resoluto pelo retorno exclusivo de um Salvador, sem fazer a sua parte. Diferente do que acredita n'alguma força construidora, sem erguer a palma pedinte aos céus, mas as lava e as seca para o preparo da nova colheita na terra semeada por ele e pelos que comungam do próprio pão.
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