segunda-feira, fevereiro 19

Cheiro da folha de folia morta

Não, não vai doer, falta só mais um dia! Por mais que teus amigos tenham te falado sobre câncer e pinos em ossos, todo aquele gesso do passado, dos que arrancaram pedaços de tumores, rumores e fizeram fisioterapia, terapias em várias sessões que não as de cinema. Real demais!

O espírito resguardou todas as dores um bocado, que vêm à tona quando evocadas na relembrança quase masoquista de dizer para o outro, ao compartilhar a dor, vertendo sadismos para ficar sadio um tanto. Sangria sanguinolenta, poro por poro, um a um, contado a dedo, arranhado, surpreendido pela morte vindoura. Sabem todos que ela vem, mas para uns poucos privilegiados ela está mais perto. Doença de viver nesse mundo!


Estamos quase conseguindo. Os sinos dobram, mas nossa alma repousa em cama elástica. Por quem? Nem por mim eu sei, mas os corvos me disseram que os urubus armaram tendas sobre seus ninhos molhados. Chuva, sangue de bárbaros, pedaços de carne no vale das sombras voando. É carnaval!, é carnaval e anda os mascarados a nos pôr medo. Mascam suores serotais, arrotam mordazes.

Sinto que não vou conseguir. Minhas pernas tremem com o peso do meu corpo morto. É de cansaço, caço no mangue dos antepassados o siri. Ele anda de lado e não teme as bases nada sólidas. Solidão, nem todos querem viver em sociedade. Vão preferir a privacidade triste dum buraco na lama, após a folia. E ainda vão me falar das flores secas dos Jardins do Eden...

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