domingo, fevereiro 18

Dublê para dias nublados


Chuva muita pela cidade solar estes últimos dias. Semana da festa da carne sincronizada à inserção de mais um ano em meu espírito tal uma brasa a marcar rês, sofrendo pela antecipação da morte. Mas o gado antes que a terra o coma, é comido pela boca nostra. Eis uma morte bem passada... Já o passamento da gente, outra história. Suicídio e assassínio mental ocorrem com freqüência hedionda aos covardes, aos sem-revólver, aos desfaqueados, aos acrofóbicos. Desejam com todas as forças a desencárnio próprio ou o do próximo, que minam as energias, baixam imunidades, impelindo ao luto sem lutar. Digladiar com a realidade? Eu não.

Tempestade e ímpeto, Goethe sussurrava delírios no ouvido de quem lia WERTHER e se contorcia de medo (de amar). Sei que tendo à sublimação do amor, porque amortecer afeto é a própria mortandade homossapiana. Ai de mim se fosse européia, meu sangue já teria sido ofertado aos deuses pagãos que pagam pau por uma jovem alma! Ficionalizar é o melhor proveito da anima, por isso retiro uma fértil lebre da cartola imaginária quando é necessário. Drama, ataques de histerismo em dias cinzentos. Ser ou não ser cremada? Típica questão pré-quarta-feira de cinzas. Dilemas a quem teme o fim da carne, pois tudo faz parte da natureza humana. Então, acho que vou me tornar uma ovo-lacto vegetariana nutrindo nenhum amor de carnaval!
"Para Heidegger, a morte é a última possibilidade do homem. O ser-para-a-morte é o verdadeiro destino e objetivo da existência humana.Essa idéia é muito corriqueira hoje, mas acho-a tão poética e improvável quanto a poesia simbolista e intimista de Alphonsus de Guimarães, poeta intimista, acometido eternamente pelo sentimento da morte. Há pessoas que não têm a morte em suas vidas; outras, destróem a morte simplesmente vivendo." (Packter, filósofo)

Um comentário:

Anônimo disse...

o paraíso de Werther talvez não se encontrasse em ensaios, anseios, mas na concretização do amor... Enquanto Werther amava e não tinha medo do amor, Goethe fazia o caminho inverso, no fundo ele se realizava em Werher. lá fora, a chuva pinga incessantemente, mas se eu abro a porta do meu quarto... olha, o werther caído ali no chão. odeio carnaval!