sexta-feira, março 23

VERDADE

Hoje fora um daqueles dias preguiçosos para os quais não desejaria acordar. Seria uma inconsciência de minha parte, tal mito da caverna de um ser que se aliena da luz? Por querer. Pensei duas, sete vezes mais, se levantaria da cama quente para o frio desmotivado de sair para cumprir rotinas óbvias. Optei pelo enfado. Sonolenta, ainda apreciava minha realidade onírica. O real sem graça é do cotidiano (Cut-dia-NO! sem cortar o dia: uma técnica de sobrevivência). Ora, ânsias de morte, ânsias de morte... Dizem que dormir se assemelha ao desviver. E quanto ao acordar mecânico para atividades nulas de significado? Tudo é Morte! Mas o contrário me cheirou bem, após sentir o café e o trânsito das coisas. Fui me sentindo viva no decorrer. Cheguei à aula de literatura cearense, esta sim me erguia os ânimos. Conversa amena com o professor. Seminário do dia sobre um autor nada conhecido, José Moacir Gadelha de Lima, versado em temas filosóficos, metafísicos e físicos, com suas leis universais, causa e efeito, retorno, Kepler...
Era um Livro espiritualista: "A Colheita Obrigatória".
É a de Kepler que versa sobre os ciclos. Giramos, mas a tendência obrigatória é o tempo finito a cada ser que orbita em movimentos gravitacionais e
de quanto maior a distância entre dois corpos, menor a força de atração entre eles, e vice-versa.
"Dois corpos quaisquer se atraem com uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles." Expressão: F = (Gm1m2) / d2
E por falar em elipses, ciclos, círculos, propuseram uma dinâmica. Uma bola feita com camadas de papel amassado, escritas frases. A classe formou um semi-círculo e esta bola tinha de circular por todos, sendo que um aluno era convidado a cerrar os olhos e intuitivamente pedir para parar, quebrar o ciclo. Isso me lembrou aquela brincadeira chamada "Batata-quente", acho. Besteira eu estar escrevendo sobre isso. Pois bem, nas mãos de quem parasse, haveria de abrir uma das camadas desta bola e ler a frase para a turma. Quando caiu em mim o seguinte questionamento à lápis: "Defender a verdade é um crime?" Respondi um "não", curto e ingênuo, depois acrescentei que verdade era um conceito muito relativo. Que verdade, qual verdade? Enfim, verossimilhanças... Fiquei reflexiva e guardei o A4 amassado na bolsa, achando o fato um sinal 'sonoro' de que eu deveria mesmo ter saído de casa, não à toa. Estou receosa, agora tudo meu é assim, precisa de um condicionamento invisível, uma espécie de "chamado". Loucura, misticismo exacerbado? Não sei, já fui bem mais apegada ao espiritual, só que há algo além que persiste me dizendo que não há como fugir. É verdade!

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