sexta-feira, agosto 31

Dilema?



É que eu ando tão confusa que nem sei. E começar uma frase ou fase nova já dando pretexto é crise. Como assim? Vou lhes dizer. Meus afazeres artísticos são tidos por ócio na rala imaginação dos trabalhadores braçais desse meu dia-a-dia pouco rotineiro. Eles me julgam a dondoca, a fútil, que apenas se engaja nuns Rocks, na música, nas Letras e estuda em uma universidade. Sim, mas antes fosse paga, ela é pública, tenho honras disso. No entanto, o que me compele à fuga é a desmotivação movida pelo ar professoral, da formalidade cadavérica. E eu não nasci pra isso! Quero e vou mais além. O dinheiro é um risco, consequencia. Sem cobranças, por favor! Preciso concursar nalgo que me renda uma vida própria, sem dependência, com direito a crescimento espiritual enriquecido de cultura, através das viagens que pretendo, dos estudos aprimorados que insinuo. E tenho dito, sem mais me maldizer. Meu silêncio nessas horas é só reflexivo. Reflexo de quem cria e crê, mesmo ao defrontar abismos. Shhh!!! Shhh!!! Shit pra mim!


A Inquietação Moderna


Em direcção a oeste, a movimentação moderna torna-se cada vez maior, de modo que, para os Americanos, os habitantes da Europa na sua totalidade se apresentam como seres que gostam do sossego e dele usufruem, quando estes mesmos, no entanto, voam em confusão como abelhas e vespas. Esta movimentação torna-se tão grande que a cultura superior já não pode madurar os seus frutos; é como se as estações do ano se seguissem umas às outras demasiado depressa. Por falta de sossego, a nossa civilização vai dar a uma nova barbárie. Em nenhuma época, os activos, ou seja, os irrequietos, foram tão considerados. Reforçar em grande medida o elemento contemplativo faz parte, por conseguinte, das necessárias correcções que se tem de efectuar no carácter da humanidade. No entanto, desde já, cada indivíduo, que seja calmo e constante de coração e de cabeça, tem o direito de crer que possui não só um bom temperamento, mas também uma virtude de utilidade geral e que, ao conservar essa atitude, até cumpre uma missão superior.


Friedrich Nietzsche
, in 'Humano, Demasiado Humano'

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