segunda-feira, outubro 15

eu de volta pra mim



Com a escrita estancada por uns dias, pude renovar o sangue sugando a realidade em atos. Faz tempo que não vou à peça de teatro, nem à biblioteca, mas tenho viajado bastante na música e em terra firme, na estrada do livre e do aberto. Pés na tábua de uma ponte que atravesso sem tantos deslizes. Nunca vi meus momentos tão felizes como agora. Não de uma felicidade impetuosa, fácil, rápida, só uma sensação durável de paz pela paciência comigo e com os outros. Cativo, sinto-me cativada. Desde que resolvi sair de cativeiro, meu viveiro tem batido longas asas. Conheci nova gente, uns tantos interessantíssimos, perscrutei também novos lugares. Paradigmas quebrados paulatinamente feito o gelo sendo moldado por aqueles escultores que bem sabem lidar com o delicado da água empedrada. Eu não mais me derreto toda. Minha frieza é justo o inverso de um calor inquebrantável. Estou estável em quase tudo. Um namoro caminha em suaves (com)passos, isento daquela paixão que extermina os ânimos. As amizades sim é que gritam longe, ecoam fundo na cabeça oca do meu peito. Estou tão bem comigo, que minhas palavras duras de antes se evaporam com o ríspido, a graça se perde um tanto com isso, falo da graça do teor que impactava até o mais forte. Vai ver é a maturidade, a falta da vontade de chocar com o choro fácil, sem chantagens, sem joguinhos, apenas uma leve vaidade e o orgulho grato de ter alcançado o que venho buscando. Também parecia andar sem fé ultimamente. Não falo de crença pseudo-cristanizada, mas da confiança na energia do universo. Quando saí da minha urbe para conhecer a paradisíaca Jericoacoara notei que havia resgatado boa parte de minha essência. Nunca me senti tão liberta, ensolarada, brincando no mar feito menina, a me deslumbrar com paisagens reais de um sonho pintado em duna, confundido com o deserto do Saara, mas cheio de Oásis verdadeiros por entre montes de areia e pedra abissal. Vi sol se pondo, lua crescendo, estrela caindo, mulher entrando. Saí dali mais preenchida de mim, com flores brotando dos meus poros bronzeados. Um bando de Girassóis!

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