quarta-feira, março 25

Em busca do tempo perdido.

Por não saber o que comigo se passa, não vou lutar contra ou a favor. Tanta gente quer forjar uma áurea límpida sem esta existir, que prefiro ficar com minha cara deslavada mesmo, sem maiores vergonhas de mim. Há uns três dias quando afundo o corpo na cama sinto um alívio de viver, mesmo sem nada fazer. Na verdade, o ócio me incomoda deveras quando não produtivo, por isso leio, como há tempos não lia, sobre condição humana, arte e filosofia.


Acho que me deixei influenciar por um tisgo de nome Marcel Proust. Genialíssimo, porém frágil. Mesmo nos verões de Paris usava casacos grossos de pele, bastando uma corrente de ar para deixá-lo imóvel por bom tempo. Fazia da cama a sua escrivaninha particular. Talvez isso explique seu estilo tão maçante, no qual usa de frases intermináveis para descrever um lápis, por exemplo, por passar horas burilando uma página de livro.


Enquanto eu puder, procrastino 'proust'rada e hedoniquinha todo o meu prazer que não passa de enfado existencial precoce. O clima doente é que me tem contaminado a retina, o ar-condicionado sem limpeza correta nos filtros e as pessoas mal-educadas que não põem a mão na boca nem na hora do espirro. Podendo ficarem caladas! Assim, enquanto rolarem as merdas pelo canal equivocado do espírito, planto uma árvore de eucalipto bem no vaso sanitário.

Uma gripe, num cabra mofino, ele fica de cama; num cabra macho, ele vai trabalhar e não perde uma hora de serviço. (Lula, o filósofo)

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