terça-feira, janeiro 9

CAIXÃO

Começou a perder o sentido outra vez. Sinto muito. Sentir demasiado faz perder toda a noção. O momento me exige recolher a carne crua do varal e destemperar em casa, deixar de molho pela vez segunda, tirar todo o sal. Arde o veneno da ausência procurada, dói a presença súbita da pessoa incalculada. Velas no jantar para as almas perdidas. O presunto sobre a mesa. Tragam a cama para a eternidade efêmera dos ossos! Estica-los vamos, descansar o corpo morto de cansaço pelo não feito. Sugaram minhas energias e quem sossega é o vampiro, saciado. Nem limpa a boca, deixa sangue exposto a todos que querem rir com seus caninos sarcásticos. Deixem-me repousar em paz! Sou o fim da picada, um marimbondo moribundo vilipendiando nada. Nem procure entender, morrer ultrapassa qualquer compreensão. Nunca se sabe...

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