sexta-feira, fevereiro 2

A BIBLIÓFILA

Tive a proeza de recuperar minha gripe mal curada novamente. Recuperá-la no sentido mazelístico de piorar ou retomar os sintomas mais inconvenientes. Mas foi por uma excelente causa. Hoje virei reparadora de livros antigos massacrados por traças. Contraditoriamente, sou uma moça que traça literatura e, por disso, dotada de um poder curador nas mãos criativas, refiz uma obra literalmente. Isto é, a mão-de-obra contituiu-se da desmontagem de página por página; medir comprimento de margens, largura, altura; serrar espaços para pôr barbantes, muita cola; construir nova capa com kraft, crepel e pronto: alongar a vida desses pacientes empoeirados! Espirrei, dei um tanto da minha saúde carcomida a esses portadores de conhecimento. O trabalho requeriu um tanto de concentração, boa vontade e sensibilidade artesã nata. Achei terapêutico até, agucei minha vontade de administrar alguma biblioteca, contribuir com organização, restauração e ganhar com isso mais bagagem intelectual para, quem sabe, repassar leituras a quem também se mostrar instigado a experienciar as Letras.

Curiosidades: http://www.escritoriodolivro.org.br/historias/encadernacao.html

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