quarta-feira, abril 25

IN LOVE AGAIN


Eu nem queria, mas não é algo que se possa escolher. Vou dando ordens ao meu coraçãozinho parafusado e ele finge que compreende, às marteladas. Há tempos não sentia essa dorzinha prazerosa, essa ansiedade convertida na insônia, o pensamento latejando lá dentro do sim todas as horas hostis. Não mais, todas ótimas. A cuca nega, fico a repetir incessante uns palavrões à toa - "PutaquepariuPutaquepariuPutaquepariu!" - batendo a cabeça na fronha e abraçando o travesseiro feito meninazinha sem vergonha que acaba de fazer algo errado. Acabo achando graça! Estou feliz da vida porque vejo meu mais novo objeto de apreço quase todos os dias. Intuo que esse amor platônico seja recíproco. Só não se realiza por força das regrinhas sociais impostas, por medo de rompê-las, por corrermos riscos de comprometer nossos compromissos outros. Creio que assim está bom. Basta conversar, entrar na sincronia dos olhos, da troca dos beijos nas bochechas quentes no olá e no adeus simultâneos, o que já dá vontade de sair pulando por aí. Canto mais no chuveiro, no caminho de casa, dou uma festa interior como que à espera de um convidado especial que nunca vem da maneira desejada, mas que vem de outra forma, boa também e que poderá vir travestido de meu um dia. Há esta possibilidade. E enquanto ele não vem, tenho de me conservar no perfume tal um botão de rosa à espera do certo florir. Resignada e forte no frascomprimido. Sinto-me mais cândida, purificada, nem sei. Ai, ai... (Suspiros ante a pira da surrealidade). Julgaria minha áurea santa, embora imagine a idéia manca que poderiam fazer os maldosos caso assumíssemos nossa escolha favorita. No começo, achei que fosse a velha confusão entre admiração, tesão ou química, mas agora percebo tudo isso ao mesmo tempo, além de um respeito muito grande. Aflora. Odeio me romantizar no momento impróprio. Ora, e nem sou máquina! Eis o encanto no proibido e o desencanto na descoberta. Ou o contrário. Daria a minha razão em troca de um passeio de línguas afinadas pela brisa da paixão que corre aqui por dentro. Dá-me a tua mão, ó homem, dá-me agora!!!

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