sexta-feira, abril 6

Sexta-feira da Paixão

Eu não sei, estou morta de tonta. Ei, pera, ia dizer morta de sono. Mas dá na mesma, zumbizada por ter trabalhado duro no ócio de roer. Tudo bem? Tudo bom. De sexta-outra pra cá muitas coisas loucas rolaram. Deu pra rir e chorar, celebrar com amigos, conhecer mais pessoas e viajar na música do cotidiano, agora, nada convencional. Mamãe está desolada com as minhas saídas soltas, madrugadas sem dormir. Mas me descobri na noite porque trago em mim a psiquê ensolarada. Criatividade. Não achei outro nome. Bem, vamos começar... Ele tinha me posto viva um dia, depois me arrancou fúria com sua suposta morte. Gosto de ti, garoto, não faz isso com a gente não! Só porque eu ia sendo atropelada ontem, não queria ver você num caixão. Vê se não some mais e, se sumir, leva contigo o Dream Theater virtuoso. Tua melhor bateria está no coração. Vou te ouvir tocar um dia. Adoro essa movimentação corpórea-visceral. Nosso gozo é instrumento divino em fase de refinamento. Quero o melhor pra ti como se eu fosse tua mãe. Mas sou tua amiga e amigo soa familiar tal um abrigo de nós mesmos. Que paz senti, tudo correu despanicado, a chuva não caiu, o suor se fez. Queria ficar mais tempo em cima daquele telhado, imóvel, pra não desabarmos, mas vislumbrando silêncios de estrelas ocultas pela névoa da Lua. Obrigada, irmão, por ter me deixado invadir teu mundo e sonhar do teu lado. Romântica, soul um desastre, só que desdói, sinto alívio promissor. Ruas desertas cheias de passagem. E a gente ali, feito duas crianças de mãos dadas como se asfalto fosse bosque.

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