terça-feira, junho 5

Pesaduelo


Ando moída nas carnes. Avalie nas almas! Sim, porque é preciso desdobrar-se em muitas a fim de suportar o veneno, trocar de peles do avesso, assumir a carapaça de cobra como defesa constante. Entrou ar poluído nas ventosas dela, a respiração dessa gente mundana com efizemas de caráter fez boca a boca comigo. Um ex-amigo, um ex-amante, pessoas existentes a desistir do presente, a conviver com o passado. A limpo, só mergulhando meio mundo de pensamentos malditos tão distantes.

Tomei 3 balas nas costas, empurrei precipícios, perdi meus princípios no término do acaso. E ainda fui perseguida por criaturas grotescas saídas dos livros de cabeceira decepada. Chamaram meu espírito pelo nome da mágoa, não escutei, nem prescindi, apenas corri com medo. Por graça ou sem, escapei, fugi. E o enredo nem havia começado, fui caminhar lado a lado com a minha morte. Na manhã seguinte acordei com frio e dor.

A garganta latejava de frio, impedida de gritar umas verdades dentro da chuva. Choro de um deus ácido. Porcos chovinistas sem capital, vindos do interior, das vísceras prestes a encher lingüiça. Vou parar de comer vermelhas tripas e aprender a dar um nó cego de capitão nelas. Navegar é impreciso, viver, desnecessário. Assine meu cheque, roube o meu salário, saia da minha sala, tire os pés sujos da mesa! Virá-la-ei, embora. Voltei a fazer sinal da cruz. Depois negarei esmola ao palhaço do trânsito: muito triste, muito tristonho...

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