quinta-feira, fevereiro 19

Onírica mente capta.

Parece que chove. Sinto o cheiro de mofo vindo lá de fora ao som de banho. São Pedro lava minha xoxota em pensamento, segura bem o cabo de seu rodo divinal e exorciza todo esse calor. Madrugada com seus poucos carros esparramando rastros de poças, ouço tudo enquanto faço o registro do que hoje vivi. Meti Leite de Rosas no sovaco, uma blusa nova sem sutiã e saí. Havia dormido por toda a tarde. Sonhei que um extraterrestre atravessava as frestas da minha janela após ter diluído sua imensa cabeça com seus super poderes xinfrins. Ele coube bem ali, tinha corpo de recém-nascido, era cinza e curioso. Uma menina me relatava sua menarca aos nove anos com o fundo de azulejos bem marcado de anil. Eu atravessava um rio, recebia muito dinheiro e me penteava com certa dificuldade.


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Acordei com aquela sensação confusa na mente, nem escovei o dente, fui direto almoçar. Caí numa peça de chamada MAGNOPYROL, remédio conhecido pelos efeitos analgésicos. Eu achando que era preto na tarja por tamanha demência teatralizada. Desconstrução total. Nela, um homem rotundo se enroscava num cipó, retalhos coloridos constituíam a teresa na qual ele se maltratava. Ele caía e se flexionava, batia o peito com tudo no chão, suava porcamente, brincava com um ursinho de pelúcia e uma vitrolinha com o disco furado a rodar contando história das formiguinhas. Quase ao final ele fica nu de camisa e de calça, quando só de cueca, foco bastante o seu membro resguardado, sem romper com a crença de que é de fato pequeno entre as pernas encardidas daquele gordo. Tatuagens nos calcanhares, pela distância do palco não vi se eram asas de Aquiles. Toca sua flacidez sem vergonha, as mamas tremem, as nádegas pululam. Aplausos.

Vou passear dentro do Maracatu, intrometo-me no ensaio carnavalesco, burlesco, e fresca assumo logo e maldigo: carnavalenada! Nunca vi povo mais morgado, perdido, embora tenha me animado o corpo com danças movidas a cigarros. Longneck com pipoca doce antes de ir pra casa. Passei na biblioteca atrás do Admirável Mundo Novo, mas quando botei o olho em um livro do Coelho, fiquei estarrecida. Meu celular irrompe naquele silêncio espirrento e bebo água. Os copinhos descartáveis haviam sumido, só que encontrei um usado sobre o birô da atendente distraída e assim pude roubar a minha sede. Na volta, uma arte na parede. Enquanto um amigo via risonho um tronco de árvore naquele painel abstrato, eu seriamente enxergava o traseiro enervado de um elefante.

Um comentário:

Anônimo disse...

sabe, gata, parece um poucom com os meus próprios pesadelos. bom saber que não sou esquizo.