-------------------------------------------
Acordei com aquela sensação confusa na mente, nem escovei o dente, fui direto almoçar. Caí numa peça de chamada MAGNOPYROL, remédio conhecido pelos efeitos analgésicos. Eu achando que era preto na tarja por tamanha demência teatralizada. Desconstrução total. Nela, um homem rotundo se enroscava num cipó, retalhos coloridos constituíam a teresa na qual ele se maltratava. Ele caía e se flexionava, batia o peito com tudo no chão, suava porcamente, brincava com um ursinho de pelúcia e uma vitrolinha com o disco furado a rodar contando história das formiguinhas. Quase ao final ele fica nu de camisa e de calça, quando só de cueca, foco bastante o seu membro resguardado, sem romper com a crença de que é de fato pequeno entre as pernas encardidas daquele gordo. Tatuagens nos calcanhares, pela distância do palco não vi se eram asas de Aquiles. Toca sua flacidez sem vergonha, as mamas tremem, as nádegas pululam. Aplausos.
Vou passear dentro do Maracatu, intrometo-me no ensaio carnavalesco, burlesco, e fresca assumo logo e maldigo: carnavalenada! Nunca vi povo mais morgado, perdido, embora tenha me animado o corpo com danças movidas a cigarros. Longneck com pipoca doce antes de ir pra casa. Passei na biblioteca atrás do Admirável Mundo Novo, mas quando botei o olho em um livro do Coelho, fiquei estarrecida. Meu celular irrompe naquele silêncio espirrento e bebo água. Os copinhos descartáveis haviam sumido, só que encontrei um usado sobre o birô da atendente distraída e assim pude roubar a minha sede. Na volta, uma arte na parede. Enquanto um amigo via risonho um tronco de árvore naquele painel abstrato, eu seriamente enxergava o traseiro enervado de um elefante.
Um comentário:
sabe, gata, parece um poucom com os meus próprios pesadelos. bom saber que não sou esquizo.
Postar um comentário